O ano de 2023 foi marcado por profundas reflexões e transformações no cenário da mobilidade urbana no Brasil. Ao refletir sobre os últimos anos, percebemos que a pandemia de covid-19 deixou marcas, afetando gravemente o transporte público. Com uma queda acentuada de 51,1% nos passageiros pagantes em comparação com 2019, o setor enfrentou prejuízos alarmantes de R$ 16,7 bilhões entre 2020 e 2021, segundo informações da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).
Essa crise evidenciou a vulnerabilidade do modelo de financiamento do transporte público, dependente quase que exclusivamente da tarifa dos usuários. O setor clama por uma reforma estrutural, defendendo subsídios públicos e tarifas proporcionais à renda dos cidadãos.
Outro desafio palpável é a segurança. Uma pesquisa, realizada pela Cittamobi, destacou que 32% dos brasileiros veem a violência como o principal problema dos ônibus. Este cenário reforça a necessidade de medidas como maior fiscalização, instalação de dispositivos de segurança e campanhas de conscientização.
Paralelamente, observou-se uma crescente substituição do transporte coletivo pelo individual. O uso do automóvel aumentou, elevando congestionamentos e poluição. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em conjunto com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), estima que são necessários R$ 295 bilhões até 2042 em infraestrutura para reverter essa tendência.
Porém, 2023 também trouxe esperança e inovação. Tendências como carros elétricos, compartilhamento em tempo real e parcerias público-privadas começaram a ganhar espaço, prometendo uma mobilidade mais eficiente, segura e sustentável.
As cidades brasileiras também se alinharam às recomendações da ONU, comprometendo-se a adotar medidas para tornar o trânsito mais seguro.
Por fim, temas como gratuidade do transporte público e inovação logística ganharam destaque, demonstrando que a busca por uma mobilidade urbana mais inclusiva, eficiente e sustentável é um objetivo coletivo.
Assim, 2023 serviu como um marco para repensar, inovar e redefinir os caminhos da mobilidade urbana no Brasil, alinhando-se aos desafios globais e buscando soluções locais para melhorar a qualidade de vida nas cidades.
Miguel Angelo Pricinote é geógrafo (UFG), mestre em transportes (UnB), com certificação em Model Thinking pela University of Michigan
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