Como costuma acontecer, a única versão disponibilizada nessa avaliação em Los Angeles foi a topo de gama EQE 500 estratégia manjada das montadoras para impressionar os jornalistas. Nessa condição, o crossover traz todo o luxo típico da marca: estofados em couro natural de alta qualidade, acabamentos em madeira de poros abertos, alumínio escovado… Como se fosse um Mercedes-Benz do passado. Além disso, o belo esquema de cores do interior, com bancos de couro marrom, combinados com painéis creme, e complementados por acabamentos de madeira. Uma opção mais conservadora adota painéis em preto.
Assim como sedã médio-grande EQE, o SUV EQE é construído sobre a plataforma EVA, que estreou no EQS. É uma arquitetura de 400 volts projetada para ser líder em eficiência energética. A versão EQE 500 usa uma bateria de 90,6 kWh (89 kWh líquido), que é a mesma que equipa o EQE 300 no Brasil, o que rende uma autonomia de 367 km segundo o InMetro. A recarregar de 10 a 80% pode ser feita apenas 32 minutos em um carregador CC de 170 kWh de potência. No caso de ser um carregador CA de até 7 kW, são necessárias 14,5 horas para um carregamento total a partir do zero.
O modelo de topo usa dois motores, cada um localizado em um eixo, com tração 4Matic e potência combinada de 402 cv e 87,5 kgfm de torque, que rende um zero a 100 km/h em 4,7 segundos. Já o modelo comercializado no Brasil tem motor e tração traseiros e rende 245 cv, com 56,1 kgfm e zero a 100 km/h em 7,6 segundos. São grandes números, assim como suas dimensões e peso: 4,86 metros de comprimento, 1,69 m de altura, 1,94 m de largura e 3,03 m entre os eixos, com peso a seco de 2.525 quilos (2.460 km no EQE 300).
O design exterior está em linha com todos os modelos da linha EQ, com uma aparência instantaneamente reconhecível com a frente fechada, o grande logotipo de estrela de três pontas no meio, pequenas estrelas desenhadas na grade e um visual ousado das luzes, que são em leds. Na traseira, o que mais chama a atenção é a união visual das lanternas, que dá uma maior sensação de largura ao modelo. As superfícies da carroceria são lisas, arredondadas, com curvas suaves e quase sem vincos marcados. As maçanetas são escamoteáveis, as rodas grandes, de 21 polegadas, e um perfil muito aerodinâmico, que dá ao modelo um visual inegavelmente futurista e extremamente harmonioso.
Em relação a equipamentos, o EQE traz tudo que se espera de um veículo desta classe. No caso do EQE 300 AMG Line comercializado no Brasil, ele tem ar digital com quatro zonas de temperatura, bancos dianteiros com regulagem elétrica e aquecimento, teto solar elétrico panorâmico, chave presencial para travas e ignição, sistemas de condução e de estacionamento semiautomáticos, scâmera 360º, head up display, navegação com realidade aumentada, scanner de impressão digital para liberar as configurações do veículo, sistema de som Burmester de alta fidelidade.
Mais que equipamentos, o interior do EQE esbanja requinte. Há uma meticulosa atenção aos detalhes, como a elegância dos tons da iluminação ambiente ou a disposição ergonômica dos controles. A cabine é imensa e extremamente confortável, com uma requintada consistência em design e luxo. Nada é demais, nada parece supérfluo. Além do painel de madeira porosa, ele traz estofamento em couro natural com costura exposta, que combina com o mundo digital, que se traduz em um cluster digital de 12,3 polegadas e uma tela 12,8 polegadas vertical.
O sistema multimídia de última geração é muito intuitivo e a tela responde a cada toque suave. É simples de usar, embora leve algum tempo para conhecer todos os recursos e aplicativos e quais os melhores atalhos para alcançá-los. Há ainda o sistema de som de alta qualidade, para uma experiência de som de 360 graus. Se os Mercedes-Benz normais são requintados do ponto de vista do conforto de condução, no SUV EQE isso tudo é potencializado.
Impressões ao dirigir
Elegância tecnológica
Antes mesmo do empuxo EQE SUV e do ajuste da suspensão, chamam a atenção algumas sofisticações que este modelo alemão. Uma delas é o esterçamento das rodas traseiras em até 10º, o que permite que o EQE se mova pela cidade como se fosse um esquilo em vez de um enorme SUV ou que contorne as curvas com uma facilidade impressionante, a estrada de montanha que nos fez divertir com o EQE. A marca indica que essa tecnologia reduz o raio de giro em até 10%, fazendo com que o EQE reaja mais como um carro mais compacto do que é.
Na versão avaliada, com 402 cv e 87,5 kgfm empurrando o EQE 500, é compreensível que a aceleração seja brutal – um zero a 100 km/h quase 3 segundos mais rápido que no EQE 300. Mas esse comportamento, com intensidade um pouco maior ou menor, normalmente acontece com carro elétrico. O que surpreende aqui é a forma sensata e elegante que o EQE libera essa força. Teria capacidade de reagir de forma a espetar as costas no assento, mas não o faz. Em vez disso, acelera muito rápida e progressivamente, tornando tudo menos áspero e mais refinado.
Há modos de condução e, claro, o Sport é o mais reativo. E embora as configurações de suspensão a ar não sejam tão perceptíveis, elas sempre harmonizam o modo de condução com as reações do veículo. Em geral, a configuração do chassi é para proporcionar conforto sempre, com mais ou menos maciez dependendo do modo selecionado. Mas raramente há desconfortos como solavancos ou imperfeições do asfalto. Tudo é filtrado e nada entra no cockpit. Mesmo assim, a não rola como era de se esperar em um modelo com 2,5 toneladas. A massa se move e empurra para fora, é verdade, mas em geral tudo é minimizado com o trabalho da suspensão, que pneumática de série no EQE vendido no Brasil.