- Especialista da TAKAO explica como os parafusos sofrem deformações ao serem instalados
- Reutilização dos componentes pode provocar danos ao motor
A TAKAO, marca de componentes para motor comercializada pela Goop Distribuidora, como uma das principais fornecedoras de parafusos de cabeçote para veículos no País, preza por informações esclarecedoras quanto ao uso desses dispositivos em serviços de manutenção e retífica.
Para que os motores a combustão tenham uma operação eficiente é primordial a vedação adequada entre o cabeçote e o bloco, garantindo a manutenção da compressão interna e a circulação correta do óleo e do fluido de arrefecimento durante seu funcionamento.
Para isso, os parafusos do cabeçote desempenham um papel essencial, realizando a conexão entre essas duas partes do motor. Em conjunto com a junta do cabeçote, eles asseguram a fixação precisa do cabeçote ao bloco, prevenindo vazamentos e a perda de compressão do sistema.
Conceitos de plasticidade e elasticidade
Para compreender a aplicação dos parafusos de cabeçote é crucial entender alguns conceitos fundamentais. Pode parecer estranho em um primeiro momento, mas dizer que esses componentes são plásticos e elásticos não é um erro. E isso é explicado por algumas situações inerentes ao seu uso:
- Material e Deformação: mesmo sendo feitos de aço, os parafusos sofrem deformações devido ao torque e ao ângulo aplicados durante a instalação, o que altera sua forma e resistência. Existem duas formas de deformação:
- Deformação Plástica: o material sofre esticamento durante o aperto, alterando sua estrutura original de forma permanente.
- Deformação Elástica: o parafuso estica temporariamente e retorna ao seu estado original após o aperto.
Segundo Marlon Silva, coordenador técnico da TAKAO, isso acontece porque, para melhorar o desempenho, são usados parafusos mais finos, reduzindo o peso total do bloco do motor, mas mantendo sua eficiência. No entanto, ao serem apertados, sofrem pressão e deformações. “Embora os parafusos pareçam rígidos, essas deformações são normais devido à ductilidade do material, que indica o grau de deformação suportado antes de uma ruptura”, afirma.
Durante a instalação, o parafuso é submetido a um torque em Newton-metro (Nm) e angular. Ao girar, ele se encaixa no cabeçote através da rosca, pressionando-o contra o bloco. Para garantir uma vedação eficiente, é necessário aplicar o torque máximo sem atingir o ponto de ruptura, como explicado por Marlon Silva. “Aplicamos primeiro um torque em quilos e depois em ângulos, conforme especificação do fabricante, para evitar a quebra do parafuso. São feitos cálculos precisos usando uma curva de torque que indica esse limite. Isso é crucial, pois o parafuso fica mais fino e frágil após a instalação”.
Riscos da reutilização de parafusos de cabeçote
Ao ser deformado permanentemente, o parafuso perde sua capacidade, deixando o cabeçote solto. Com isso, a probabilidade de ocorrer uma mistura entre o fluído de arrefecimento e o óleo de lubrificante aumenta, levando à queima prematura da junta do cabeçote. A perda de compressão e superaquecimento são outras ocorrências que podem ocorrer, causando danos sérios, incluindo a ruptura do bloco.
Por isso, é recomendado descartar os parafusos ao abrir um bloco de motor e não os reutilizar, mesmo que pareçam intactos. Diferenças entre parafusos novos e usados podem não ser visíveis, mas uma inspeção detalhada revelará alterações estruturais, indicando a necessidade de substituição. Essa verificação pode ser feita com um paquímetro para medir o diâmetro do parafuso ou comparando o comprimento de um novo com um usado.
O custo de novos parafusos é pequeno em comparação com os problemas e retrabalhos que podem surgir ao reutilizá-los. Além disso, há o risco de quebra do parafuso dentro do bloco, piorando a situação para o reparador.
Em resumo, a substituição correta dos parafusos de cabeçote é essencial para a segurança e o desempenho do motor. Investir em novos parafusos é uma medida preventiva que evita problemas futuros.