São poucos os modelos que merecem os ornamentos que as versões esportivas ostentam. Uns poucos têm motorização específica, mas em geral, o comportamento dinâmico é rigorosamente igual. Mas apesar da linha RS ter nascido com o conceito se oferecer apenas alterações visuais aos modelos – até para ser mais acessível , a Chevrolet mudou sutilmente essa lógica, com um mapeamento mais agressivo para o motor 1.0 Turbo de três cilindros. Nas demais configurações turbinadas, o Onix hatch já exibe um comportamento convincente, mas na RS há uma melhora de desempenho, capaz de produzir mais adrenalina em quem conduz.
Ainda assim, o maior diferencial do modelo é visual. A versão traz elementos que exaltam este lado mais agressivo, como para-choques mais robustos, com spoiler integrado dianteiro e extrator no traseiro, rodas, capas de retrovisor e grade em preto brilhante. A grade ainda tem uma trama em colmeia. O modelo ainda traz um aerofólio traseiro em preto e saias laterais na cor da carroceira. Por dentro, os bancos com revestimento misto de tecido e couro sintético pespontado. Teto e colunas têm revestimento em preto. As saídas de ar laterais, com um pequeno friso vermelho na base, é o detalhe mais chamativo. Ou seja: o visual é esportivo, mas sem exageros.
O conteúdo da RS é o ponto fraco da versão. Ela traz apenas os itens normais de um modelo da categoria, como trio e direção elétrica e ar analógico, sensor traseiro, luz diurna em led, faróis de projetores com máscara negra e seis airbags. Faltam itens quase obrigatórios para um modelo na faixa de preço de R$ 115 mil, como câmera de ré e chave presencial, encontradas na versão LTZ, que é ligeiramente mais barata. Na linha 2024, pelo menos, a versão ganhou sensor de luminosidade e conexão sem cabo com a central multimídia MyLink. O sistema tem tela em LCD de 8 polegadas sensível ao toque com conexão Bluetooth para dois celulares simultaneamente e espelhamento através dos aplicativos Android Auto e Apple CarPlay.
Por outro lado, ele traz sob o capô uma versão mais agressiva do motor 1.0 turbo de três cilindros, que oferece enorme agilidade ao modelo, sem qualquer sombra de turbolag, mesmo nas arrancadas e retomadas mais repentinas. Ele rende os mesmos 116 cv de potência e 16,3/16,8 kgfm de torque, com gasolina/etanol, mas demonstra um comportamento bem mais interessante. Na versão, ele é gerenciado por um câmbio automático de seis marchas, com um botão na alavanca para mudanças manuais sequenciais. O modelo chega à máxima de 187 km/h e faz de zero a 100 km/h em 10,1 segundos bebendo etanol. Esses números não mudam em relação a outras versões, mas o Onix RS cumpre a tarefa de uma forma mais interessante.
Impressões ao dirigir
No Limite da Razão
Com a versão RS, a Chevrolet aposta no poder de atração de uma embalagem esportiva. Para montar a configuração, foi necessário investir em elementos visuais como spoiler, saias laterais, rodas e para-choques específicos, entre outros detalhes. Para compensar a adição desses itens sem explodir o preço, a fabricante decidiu esvaziar um pouco o conteúdo, o que prejudicou a relação custo/benefício da RS em relação aos demais modelos da gama e pode até dificultar a venda. Seja como for, a versão acaba funcionando como modelo de imagem, ainda mais que o bom motor 1.0 turbo de três cilindros recebe aqui um mapeamento específico, que deixou o modelo mais ágil e responsivo – mesmo que isso não se reflita nos números finais de aceleração e velocidade máxima.
O hatch faz de zero a 100 km/h em 10,1 segundos e tem a velocidade máxima limitada eletronicamente a 187 km/h. Mais importante que os números, é o comportamento, que se mostra ainda mais dinâmico e divertido que outras versões do Onix com motorização semelhante. O modelo se mostra bem determinado na hora de ganhar velocidade e o câmbio de seis marchas é rápido nesses movimentos previsíveis, como arrancadas e retomadas. Em situação de variação de ritmo, ele demora um pouco mais a reagir.
O mapeamento mais agressivo tornou o motor um pouco mais áspero. Nessa versão mais esportiva isso não chega a ser uma desvantagem. Na verdade, aumenta a interação com o motor por conta do ronco que adentra a cabine com facilidade. O que harmoniza bem com a suspensão, que se caracteriza por ser ligeiramente rígida – tanto que a versão RS não recebeu qualquer modificação. Nem era preciso. O hatch compacto encara trechos sinuosos sem dificuldade e oferece uma direção bastante comunicativa, que dá perfeita noção ao condutor onde está a roda a cada momento.