O novo Jeep Grand Cherokee retornou ao Brasil no final do ano passado, sem grande alarde. A discrição tem sentido, afinal o SUV compete em um segmento bastante limitado. Ele está sendo oferecido por R$ 569.990 e ocupa o posto mais alto na gama da Jeep no país. O modelo é o herdeiro direto do Grand Wagoneer, o primeiro SUV de luxo do mundo, lançado ainda nos anos 1960, e que foi ressuscitado pela Jeep como um modelo maior em 2021. Essa quinta geração do Grand Cherokee chega ao Brasil apenas na versão 4Xe Plug-in Hybrid, com um motor 2.0 turbo a gasolina e dois motores elétricos, que geram 380 cv e 65 kgfm, gerenciados por um câmbio automático de oito marchas. O modelo conta com uma bateria de 17,3 kWh e é oferece uma autonomia de 29 km, segundo os critérios do InMetro (51 km pelo ciclo europeu WLTP).
Além da intensa renovação na motorização, o SUV apresenta um design completamente revisto em relação à geração anterior, sem perder os laços com a tradição de estilo da marca. Mas não se trata apenas de ganho estético, mas também em termos de capacidade e espaço. As linhas agora são marcadas por mais arestas e menos curvas. Os designers da Jeep fizeram uma reformulação completa sem alterar o perfil do modelo. A dianteira ficou menos arredondada e mais angular, de modo a devolver uma forma mais cúbica e opulenta. Desta forma, ganhou um caráter mais moderno e agressivo, como um verdadeiro utilitário off-road, sem abdicar de uma elegância e um refinamento mais adequados à cidade.
O Grand Cherokee foi lançado em meados de 2021 na versão com duas fileiras de assentos e outra, designada como L, com três fileiras, que é maior em 13 cm no entre-eixos e 19 cm no comprimento. A versão curta tem 4,91 metros de comprimento, 1,80 m de altura, 2,15 m de largura e 2,96 m de entre-eixos. O modelo pesa exatos 2.466 kg e com isso tem uma relação peso/potência bem favorável, de 6,49 kg/cv. O zero a 100 km/h é cumprido em 6,3 segundos, com máxima de 206 km/h no modo convencional e de 135 km/h no puramente elétrico.
O novo interior também mereceu bastante atenção da Jeep, com inserções de madeira de nogueira escurecida nas portas, painel e também no volante. O estofamento em couro nos bancos, portas, console frontal e apoios de braço cria um ambiente de conforto e requinte. No entanto, em uns poucos lugares fica visível o revestimento em plástico, pouco harmônico com o restante do habitáculo.
A painel digital é composto por uma tela de 10,25 polegadas, enquanto o display da central multimídia é sensível ao toque e tem 10,1 polegadas. Há ainda um head-up display colorido, útil para ficar de olho nas informações mais importantes durante nossa viagem. Além disso, também há muito espaço para armazenar itens pessoais, carregador por indução para smartphone, que pode ser conectado através de entradas USB ou via Bluetooth, com espelhamento através de Apple CarPlay e Android Auto.
Junto de tudo isso, o modelo é extremamente agradável de conduzir e oferece um alto nível de conforto para os passageiros, até pelas dimensões generosas do modelo. O porta-malas, também espaçoso, tem capacidade de carga de 580 litros. Embora não tenha versão definida – é chamado apenas de 4Xe híbrido plug-in , a configuração trazida para o Brasil é bem próxima à Limited e inclui rodas de 20 polegadas, iluminação em led, teto solar panorâmico, chave presencial para trava e ignição, abertura elétrica do porta-malas, sensor de luz e chuva, ar-condicionado duplo, banco dianteiros elétricos, com aquecimento e ventilação, volante e assentos traseiros com aquecimento, banco do motorista e retrovisores externos com memória e retrovisor interno por câmera.
Na parte de segurança, o modelo traz oito airbags e um pacote ADAS nível 2, que inclui alerta de colisão frontal com frenagem automática de emergência, controle de cruzeiro adaptativo com Stop&Go, reconhecimento de sinais de trânsito, alertas de saída de faixa e de ponto cego, alerta de colisão em cruzamentos, farol alto automático, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros. Como esperado, o modelo traz ainda diversos recursos úteis no off-road, como câmera 360º, câmera panorâmica dianteira, câmera de visão traseira, controle de descida, configurador de tração com modos auto, sand/mud, snow, rock e sport, tração 4X4 com reduzida.
Impressões ao dirigir
Eficiência tecnológica
A primeira providência com ao ter Jeep Grand Cherokee 4xe disponível foi levá-lo para a estrada. Depois de um primeiro e curto trecho na cidade, o SUV estadunidense passou a enfrentar em estradas bastante sinuosas. O carro reage positivamente às frenagens, mostrando ser muito equilibrado, apesar do tamanho e dos 2.466 kg declarados. Isso se deve principalmente ao centro de gravidade rebaixado, por conta do posicionamento da bateria sob os bancos, que sozinha pesa cerca de 80 kg.
O comportamento no modo totalmente elétrico também é bom, mesmo que a previsão de uma autonomia de 29 quilômetros pareça rigorosa demais. São três modos de uso do sistema híbrido: automático, elétrico e e-save, que poupa a bateria ao máximo. No final, a combinação automática é a que parece mais proveitosa para tirar o máximo partido dos 380 cv de potência e 65,0 kgfm de torque. E é capaz de mostrar os músculos tanto nas acelerações e retomadas quanto nas situações que é preciso força em baixas velocidades.
Nas situações de off-road, o Grand Cherokee mostra uma agilidade insuspeita, graças à direção precisa e comunicativa. Com a familiaridade com o modelo, cada obstáculo enfrentado fica cada vez mais fácil de superar. A pista se tornou um parque de diversões, entre buracos e solavancos alternados, subidas vertiginosas e pontos normalmente difíceis para uma condução off-road.
Todo o trajeto foi facilitado pelas ajudas à condução do Quadra-Trac II, que distribui a tração entre os eixos dianteiro e traseiro, e do Quadra-Drive II, com diferencial traseiro eletrônico com deslizamento limitado. Basta pressionar o acelerador, de forma bem dosada, para deixar para trás todos os problemas, sem aquela sensação de flutuação, que normalmente acomete SUV do tamanho do Grand Cherokee. A Jeep promete uma média de consumo em torno de 19 km/l, mas no final de todos os trechos de teste – urbano, estrado e off-road), ficou entre 10 e 16 km/l.