Empresa chinesa estuda produzir no Brasil e até tenta negociar a plantar paulista de Jacareí com a Caoa Chery. Enquanto esses planos não avançam, a chegada do primeiro modelo, exatamente o Omoda 5, foi confirmada para 2024, com o processo de homologação no início do ano e a chegada efetivamente em meados do ano. O SUV será lançado tanto em uma versão 100% elétrica quanto numa versão híbrida leve, como a avaliada.
O Omoda 5 se diferencia do Tiggo 5X basicamente pelo design. O modelo, inclusive, é o primeiro da marca a adotar o design definido como Geração 4.0. O que é bastante pertinente, já que o significado do nome deriva da fusão de duas ideias: “O” simboliza o novo e o “Moda” faz realmente referência à moda ou tendências. O trabalho estilístico diferenciador que a marca quis dar com ao Omoda 5, obra do designer Gao Xinhua, é definitivamente perceptível.
A dianteira é, sem a menor dúvida, o elemento mais dramático e elaborado, resultado que imediatamente remete a um veículo conceito de poucos anos atrás ou a um carro elétrico atual. As laterais têm linhas de caráter forte, com detalhes em preto na parte inferior da carroceria e no teto. Há toques de vermelho em algumas partes inferiores e nos espelhos que combinam bem e dão uma certa jovialidade ao modelo. A traseira tem uma das poucas partes cromadas do veículo e fica justamente na área inferior do para-choque. As bordas pretas também apresentam detalhes em vermelho que harmonizam bastante.
As medidas do Omoda 5 são bastante semelhantes às do Tiggo 5X, com quem compartilha, entre outros elementos, a plataforma T1X. No comprimento, o Omoda 5 tem 4,40 metros, ou 6 cm a mais que o Tiggo 5X, mas ambos têm o mesmo entre-eixos de 2,63 m e a mesma largura de 1,83 m – ou seja, tem o mesmo espaço interno. Na altura, o Omoda tem 1,59 metro, ou 6 cm a menos que o Tiggo 5X. A suspensão tem o esquema tradicional, com McPherson na dianteira e por barra de torção na traseira. Em mercados em a tração AWD é oferecida, como na Rússia, a suspensão traseira é multilink. No Brasil, a tendência é que disponha apenas de tração dianteira.
Talvez a parte menos inovadora do modelo seja o trem de força. Ele traz um motor 1.5 litro de quatro cilindros incrementado por um turbocompressor e acoplado a uma transmissão CVT. Trata-se de um propulsor do Tiggo 5X, que na unidade avaliada era numa configuração específica a gasolina e contava com o auxílio de um sistema híbrido-leve de 48V – mesmo recurso presente na versão Pro Hybrid . Dessa forma, ele oferece 154 cv e 22,6 kgfm. Já a versão 100% elétrica dispõe de um motor de 224 cv alimentado por uma bateria de 61 kWh, o que permite uma autonomia de até 450 km.
Por dentro, o Omoda 5 tenta imprimir um ar de modernidade e requinte. O estofado é feito de couro com um bom toque, macio e confortável. O painel, que abriga uma enorme tela – que na verdade são duas – é feito de plástico de boa qualidade e uma combinação de materiais de diferentes texturas. Ele é composto por duas telas de 10,25 polegadas cada: um TFT para o painel de instrumentos e uma tela sensível ao toque para conexão com Android Auto e Apple Car Play, incluindo conexão sem fio.
No console frontal há comandos de toque e iluminação ambiente, que pode ser alterada. Entre os bancos ficam abrigadas a alavanca seletora da transmissão e uma combinação de botões operados fisicamente e outros sensíveis ao toque. Os acabamentos e a montagem em geral são de bom nível no que é visível e só diminui um pouco a qualidade e traz plásticos menos atraentes na parte inferior do tablier. É preciso se familiarizar com a localização e comandos, bem como aprender a conviver com a assistente pessoal da Chery, que deveria funciona o comando por voz Angie, no estilo Alexa ou Siri, mas é confuso e difícil de interagir.
Na parte de segurança, o Omoda 5 traz seis airbags e os recursos ADAS mais populares como monitoramento de faixa, alerta de colisão frontal com frenagem automática, farol alto automático, e controle de cruzeiro adaptativo. Como a marca se vangloria das cinco estrelas obtidas no Euro Ncap, estes equipamentos devem ser mantidos, já que boa parte da avaliação do padrão de segurança depende da presença desse tipo de equipamento.
Impressões ao Dirigir
Sopro de vigor
Hoje os 150 cv do Omoda 5 talvez não soe muito, mas a magia de um turbo faz com que a receita melhore muito ao fornecer um torque em toda a faixa útil de giros. Por outro lado, há um câmbio CVT que, embora funcione perfeitamente, diminui a emoção de dirigir. Mas é preciso entender também que um Omoda 5 é um veículo de foco familiar, sem pretensões esportivas. No trânsito urbano, ele se movimenta com facilidade, e somente em momentos de muita pressa ao acelerar com toda a pressão para ganhar velocidade o câmbio pode soar lento demais para reagir. Mas isso é algo característico dos CVTs e pode ser amenizado conforme se convive com o veículo e se acostuma com suas respostas e tempos de aceleração.
A construção do SUV passa a sensação de solidez e há poucos vazamentos de ruídos para o interior, não há vibrações irritantes e a montagem parece ter boa qualidade. Será preciso esperar para perceber como o veículo em geral reage ao uso diário e aos maus tratos contínuos de estradas ruins e buracos, e como isso se reflete em toda a montagem. Os recursos ADAS funcionam perfeitamente, embora possa levar algum tempo para se acostumar com avisos tão alarmantes de frenagem de colisão ou invasão não intencional de faixa.
AVALIAÇÃO DO OMODA 5 – por Alejandro Konstantonis autocosmos/argentina, exclusivo no Brasil para Auto Press